23 de ago. de 2010

Síndrome de avestruz




Sabem quando  temos uns dias de avestruz? Aqueles dias em que temos vontade de enfiar a cabeça na terra para fugir de tudo que se passa ao redor? Pois é, como nada na vida é perfeito, a estratégia do avestruz também não vai funcionar, simplesmente porque isso tudo é lenda. Abrindo um parêntese para uma breve observação biológica, o avestruz não enfia a cabeça na terra quando está com medo, ele simplesmente encosta a cabeça no solo para sentir melhor as vibrações e assim saber quando algum perigo se aproxima, como sua cabeça é muito pequena se comparada ao seu corpo, de longe parece que está enterrada em algum buraco.

Agora voltando para os humanos-pseudo-avestruzes, a má notícia é que não há o que fazer. Você não pode simplesmente enfiar a cabeça em um buraco qualquer (e tem gente que leva isso muito a sério) para fugir de situações que te desagradam, momentos em que é difícil olhar nos olhos da vida e perguntar em voz alta: e agora? Ou pior ainda, momentos em que é preciso olhar seus próprios olhos no espelho e fazer para si mesmo essa pergunta.Talvez a própria vida esteja tão assustada quanto você diante dos fatos. Mas quem falou que a natureza não tem suas estratégias? E a coisa pode não ser tão perfeita como queremos, mas algum proveito podemos tirar dos ensinamentos do mestre avestruz. O que quero dizer, meus caros, é que existem momentos em que devemos parar, respirar fundo, e chegar bem perto do problema, talvez tocar nele para sentir sua vibração. É preciso perceber o que a vida espera da gente, é preciso confrontar com aquilo que esperamos dela. Quem tem mais a oferecer? 


Simples, né? Rápido percebemos que somos uma insignificância se comparados à infinidade de possibilidades que a vida nos oferece. Porque sofremos então? Porque somos passionais, meus leitores, desejamos as coisas de tal forma que entendemos não conseguir viver sem elas. Não aprendemos a abrir mão de nossos desejos, não é da nossa natureza desistir de algo que nos dá prazer (prazer?). Alguns chamam de orgulho, outros de questão de honra, há ainda os que acreditam ser pura vaidade.


É verdade que se desistirmos de nossos objetivos ao primeiro sinal de dificuldade nunca iremos chegar a lugar algum, muitas vezes é preciso resistir quantas vezes forem necessárias. Acontece que existem desejos e desejos, alguns são necessários, outros totalmente dispensáveis, e são justamente esses que mais nos atormentam, enquanto aqueles deixamos de lado facilmente.
É muito difícil aceitar que não conseguimos lidar com nossos problemas, mas basta olhar ao redor para ver que isso é comum. É tolo aquele que acredita existir alguém inabalável diante de determinadas situações, mais tolo ainda aquele que acredita ser esse alguém. Então, o primeiro passo para resolver as pendências com a vida e o tal destino (se é que existe um) é aceitar que existe um problema, e que provavelmente sua solução depende de uma renúncia. Ou vocês pensavam que algo viria de graça?


Não, é preciso saber negociar com a vida, sem isso ela nem ao menos nos dá ouvidos. E renúncia depende de desprendimento, de deixar ir, mesmo que com o coração amassado. É preciso saber a hora de abrir mão, é preciso ter consciência dos seus limites.


Enfim, não há receita receita para lidar com os problemas que nos sufocam a cada dia e cada vez mais. Mas com certeza há contraindicações e uma delas é que se você, na tentativa de fugir dos seus problemas enfiar a cabeça no buraco, corre o risco de morrer sufocado, e não é pela terra, mas sim pela própria dor reprimida e pelos pensamentos não revelados. O avestruz já aprendeu isso.
                   Por  Paulo Gomes  by  Miscelânia Emocional
                                      

                                                       

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